Casa da Palavra



A Casa da Palavra é um espaço dedicado à cultural literária. O seu trabalho é voltado aos amantes da literatura, filosofia, artistas e estudantes.

Ela abriga em seu espaço a Escola Livre de Literatura, que se destina exclusivamente à difusão da Literatura, e à formação de novos leitores e escritores.

Este espaço é um equipamento da Secretaria de Cultura de Santo André.

Local: Praça do Carmo, 171, Centro – Santo André, SP.
Contato: 4992-7218


quinta-feira

Dia 08/12, sábado – a partir das 15h

RAVE POÉTICA PROMETE NOITE E MADRUGADA LITERÁRIA E MUSICAL

Escola Livre de Literatura promove encontro diferente para amantes das letras. Durante o dia, uma festa diferente para quem gosta de experimentações literárias, musicais e audiovisuais, em Santo André. A programação é fruto de intervenções realizadas a partir dos estudos e produções da ELL 2007.

As atividades começam com o encerramento dos Seminários Avançados Sobre as Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, das 15 às 18h, com prof Dr Ricardo Lísias. Parceria com a FSA, em sua última sessão do ano, com Os Flagelados do Vento Leste, de Manuel Lopes.

Às 18h30, o Hip Hop de Mesa Especial, em que artistas e convidados conversam com o público e apresentam sua arte nos moldes de uma roda de samba, com participação de dança de rua, grafite, música do DJ Nato, poesia urbana dos MCs Arnaldo Tifu e Enézimo e percussão de Nenê. Destaque para a interação da poesia dos alunos da ELL com o ritmo beat. É uma parceria com o Centro de Referência da Juventude e o selo andreense Pau de Dá em Doido.
Concha Acústica, em frente a Casa da Palavra.

Às 22 às 6h, o El Sarau Noite Adentro, tendo como convidados especiais:

O grupo literário Taba de Corumbé, de Mauá, que lança a 2 ª edição do seu panfleto poético editado pelo poeta Edson Bueno de Camargo e pela fotógrafa Cecília Camargo.
Zhô Bertholine e Jurema Barreto de Souza, poetas andreenses idealizadores do projeto Ler e Falar Poesia e editores da Revista literária A Cigarra que comemora 25 anos em 2007.
Coletivo Vacamarela, movimento oriundo de poetas jovens de São Paulo que , desde 2005, provocam debates sobre literatura contemporânea e apresentam a produção do trabalho individual dos seus autores. O Vacamarela também organiza o FLAP.
O Casulo, lançamento da edição contemplada pelo VAI (valorização de Iniciativas Culturais) da Prefeitura de São Paulo, com tiragem de 30.000 exemplares e distribuição gratuita. O Casulo já publicou mais de 100 autores e é hoje referência em literatura contemporânea. Seus criadores estão organizados no Coletivo Vacamarela.
Poesia Maloqueirista, estarão lançando a décima terceira edição da revista Não Funciona, com seus megafones e sua irreverência e a múltipla participação artística e musical d'As Encantadeiras.

Outros eventos

Fazem parte da programação da Rave Poética o Poetry, Loopings, Voices and Sounds, uma apresentação de textos, citações, imagens, poesias e fragmentos inspirados em trechos do primeiro livro da Escola Livre de Literatura, que está em fase de elaboração, e nas várias vozes poéticas dos participantes 2007; A Poiesis do Ser, produção visual de Gerber de Sá , integrante da ELL, com fotos, vídeos, registros poéticos das atividades, encontros e saraus da ELL 2007 ;

De Repente em Santo André, no Arte da Cidade, uma mostra de fotos e folhetos de cordel realizados durante o projeto-piloto do Arte da Cidade e da ELL para implantação do Núcleo de Literatura Popular no Cesa Jardim Santo André. As fotos são enriquecidas pelo registro em cordel dos agentes culturais Cleusa e Arnaldo Tifu.Leituras - Mostra da produção dos estudos coordenados pela hitoridora e escritora Vanessa Molnar, integrante e colaboradora da ELL.
Leituras - Mostra da produção dos estudos coordenados pela hitoridora e escritora Vanessa Molnar, integrante e colaboradora da ELL (exposição no salão da Casa)

sexta-feira

Lançamentos

revista Modo de Usar & Co
dia 04/12

Após o lançamento especial em Niterói, o número de estréia da revista Modo de Usar & Co., editada por Angélica Freitas, Fabiano Calixto, Marília Garcia e Ricardo Domeneck, com selo da charmosa Livraria Berinjela, será lançado em São Paulo ganhando corpo e assumindo sua posição no debate poético contemporâneo.

data: terça-feira, 04/12/2007, a partir das 19:00,
FEIRA MODERNA
RUA FRADIQUE COUTINHO, 1246/1248
VILA MADALENA - SÃO PAULO - SP
TELEFONE: 3032-2253

Info: http://revistamododeusar.blogspot.com/
Contato: http://br.f523.mail.yahoo.com/ym/Compose?To=revistamododeusar@gmail.com

Exposição

Do pó de pedra à porcelana
Dia 04/12

A Biblioteca Municipal Cecília Meireles em Mauá convida para a:

Abertura da exposição de fotografias "Do pó de pedra à porcelana" - Cecília Camargo
e lançamento do livro de postais de mesmo nome.

Dia 04/12/2007 às 19h00

Local: Biblioteca Municipal Cecília Meireles
Rua Rio Branco, 87 – 1º Andar Centro – Mauá – SP
Telefone: 4547-1483

Do pó de pedra à porcelana é o foco da interferência humana na argila que serviu de leito à cidade. Fica o registro da relação entre a produção industrial e as mãos que percorrem da dureza da pedra à delicadeza da porcelana. Peças que levam em si a marca das pessoas que as tocaram e pessoas que levam em si a marca da fábrica que as envolveu. A Exposição é composta por 15 fotografias em preto em branco, no tamanho 30 x 40 cm, mostrando da moagem da pedra, passando pela decalcação da porcelana, por sua queima, até a embalagem, além do caminhão que as transportava. No livro de postais que leva o mesmo nome da exposição, ainda constam fragmentos de poemas de Edson Bueno de Camargo, que por seis anos fez parte do processo produtivo da fábrica de porcelana. Obra financiada pelo FAC – Mauá – Fundo de Assistência à Cultura do Município de Mauá. Curadoria: Simone Cristina Tavares

Lançamento

Anomalia
dia 03/12

Helio Neri convida para o lançamento do seu livro de poemas: Anomalia

Acontecerá Seg.feira, das 18h às 21h

local:
Livraria Apharrabio
rua Eduardo Monteiro, 151 - Jd Bela vista
[altura do numero 1000 da Av. Portugal]
Santo André, S.P. tel
4438 4358
http://www.alpharrabio.com.br/

quinta-feira

Lançamento

Cotidiano e imaginário do ano 2000 (diário)
dia 30/11

Hildebrando Pafundi, membro da Academia de Letras da Grande São Paulo e da Academia Popular de Letras, convida para o lançamento do seu novo livro, Cotidiano e imaginário do ano 2000 (diário). Na oportunidade, o autor apresentará palestra sobre Escritores Movimento Modernistas da Semana de 22.

Horário das 19h30 às 22 horas.

Local: Saguão do Complexo Educacional da Prefeitura de São Caetano do Sul.
Avenida Dr. Augusto de Toledo, 255, esquina com
Avenida Goiás, São Caetano do Sul.
Fone: (11) 4221-1643.

E-mail: algrasp@itelefonica.com.br
Autor: hpafundi@ig.com.br

sábado

Aristides Theodoro


Nasceu em Utinga - Bahia em 27 de novembro de 1937. É jornalista aposentado, poeta, contista e resenhista.
Publicou: "Dandaluanda" (poesia), 1982. "O poeta passeia por São Paulo num sábado à tarde" (poesia), 1991. "Poeminha sem realismo para Ruth" (poesia), 1996. "Estórias de Curiapeba" (contos), 1996. "Os bichos na literatura mundial" (curiosidades literárias), 2000. "Não contribuirei com um só óbolo para a construção do novo mundo" (poesia). 2002. "O homem que liquidou o trovão a tiro de clavinote e outras estórias" (contos) 2003. "Manifestações literárias em Mauá" - Colégio Brasileiro de Poetas, seus fundadores, associados e outros escritores da cidade (história literária e crítica), 2004. "O cangaceiro e outras estórias de Curiapeba" (contos), 2006.

Colabora com jornais e revistas no Brasil e no exterior. Participa de vários movimentos literários como o grupo Taba de Corumbê, de Mauá, Escola Lire de Literatura, Santo André, Movimento Literário da Biblioteca de São Caetano, etc.
É verbete do "Dicionário de Autores Baianos", editado pelo Governo do estado da Bahia, em 2006.
Tem trabalhos publicados no boletim "International Poetry", publicado pela Univesity of Colorado, Boulder, a cargo da professora Teresinka Pereira.
Mantém uma coluna no jornal "a Voz de Mauá" há 35 anos, escrevendo semanalmente um conto, uma crítica literária ou poema. Possui alguns livros inéditos a procura de editor.
É criador da cidade imaginária de Curiapeba, fincada no meio do sertão baiano.



Aristides theodoro


Maria Aparecida Laurentino

Nasceu em 1943, na cidade de Dourado, interior de São Paulo. Veio para Santo André com dois anos de idade.
Tomou gosto pela Literatura ainda no curso primário (curso de quatro anos de duração), onde esboçou as suas primeiras escritas. Na fase adulta, escreveu o seu primeiro livro: " ... E Tudo Começou com as Naves", escrito a partir de experiências e pesquisas científicas. Já na Escola Livre de Literatura, escreveu mais dois livros: o primeiro; ensaio sobre o livro "Sagarana", de João Guimarães Rosa, o segundo é um livro de contos, escritos nas aulas da ELL ( os dois últimos livros foram escritos a partir das aulas da ELL). Os três livros são inéditos.



A ESTAÇÃO DE TREM


Quando viemos do interior para a cidade de São Paulo, eu tinha dois anos de idade. Viemos direto para Santo André e fomos morar na rua Utinga*, no Parque das Nações.

Lembro-me das vezes em que fomos pegar trem em Santo André, iamos a pé, não havia ainda onibus no Parque das Nações e nem nos outros bairros.
Saíamos de casa bem cedinho, descíamos a rua Utinga até a ponte. Daí dava para avistar os campos que ladeavam a rua Columbia, não havia ainda casas nesse lugar.


Do lado de baixo da rua Columbia existia uma depressão causada em decorrência da retirada de terra , pela olaria que aí existira alguns anos antes. Essa olaria fabricava tijolos, muito em voga nesse lugar naquele tempo, porque estavam começando as vilas na periferia de Santo André.


Nessa depressão, o campo todo coberto de uma única qualidade de flor do campo, haviam tantas, e o campo tão fechado dessas plantas, que parecia todinho coberto de queijo ralado cor-de-rosa de cheiro característico.


Do lado de cima da rua Columbia, o outro campo era todinho amarelo, pois a única qualidade de flor do campo aí era amarela e diferente em formato e tamanho. Era um outro tipo de flor, também de cheiro característico desse tipo de flor.


Daí da ponte, pegávamos a rua Holanda. Ela começava aí na ponte, ou terminava. Aí na rua Holanda já existiam casas, mas só depois da esquina, onde ela cruzava com a rua Columbia e onde havia uma venda, onde todos compravam. Era a venda do Seu Benedito.


Subíamos a rua Holanda, passando pelo cruzamento da rua Itália, depois o da rua Bélgica; o da rua França, o outro, o da rua Espanha;da rua Suíça, o da Avenida Brasil. Depois passávamos por umas ruas do Bangu e íamos sair na rua Oratório.Aí, tanto de um lado como do outro lado da rua, eram as casas dos engenheiros da Rhodia, eles eram todos estrangeiros, talvez todos franceses. As casas eram parecidas. Haviam também as quadras de esportes desses engenheiros.


Essa vila de casas do engenheiros ia do Bangu até o Rio Tamanduateí, chamado naquele tempo, de "rio da Rhodia".Passávamos a ponte do Rio Tamanduateí; depois em frente à Rhodia Química, após do lado da fábrica Kovarick, pegávamos a rua em frente a Kovarik e entrávamos pela Bernardino de Campos, que passava pela porteira do trem.


A porteira do trem era aberta e fechada por um funcionário da Estrada de Ferro fardado. Quando passava o trem essa porteira era fechada para os transeuntes e aberta ao trem. Quando este já havia passado essa porteira era aberta aos transeuntes e fechada ao trem.Depois que passávamos a porteira virávamos à direita, na calçada; logo ali já era a estação de trem.


Comprávamos o bilhete do trem, e para ter acesso ao lugar de embarque, era preciso passar por um portãozinho de ferro, onde ficava um funcionário absolutamente fardado. Com um alicatezinho na mão, que dava um pico, fazendo um buraquinho nas nossas passagens, as quais, depois do pico, nos eram devolvidas novamente.Me lembro bem daquele lugar onde embarcávamos no trem, era um lugar pequeno. Naquele tempo havia pouca gente para o embarque – era um "buraco" o fim da linha. O trem de passageiros só chegava até aí.



Eu gostava de ficar ali na plataforma de embarque, vendo aquelas máquinas grandes, pretas e barulhentas fazerem as suas manobras. Era encantador.Os homens carregavam feixes de lenhas para dentro dessas máquinas antes delas serem acopladas aos vagões.


Depois de tantos vaivéns dessas máquinas em suas manobras e dos funcionários indo e vindo para dentro delas, preparando-as para as viagens, enfim elas eram acopladas aos vagões. Aí fazia um barulhão de ferros engatando, junto com o barulho de soltar vapor da máquina e era uma fumaceira, de fumaça de lenha queimada misturada com fumaça de vapor.Era gostoso ver toda essa fumaceira, ainda mais com todo aquele barulhão.


Aí subíamos no trem que, quando parado, de vez em quando dava um tranco, seguido por um barulhão.


O piso do trem era feito por trilhos em filetes compridos de ferro, um encostado no outro, que ia de um extremo ao outro do vagão.


Os bancos eram de tabuinhas de madeira envernizada.Os encostos dos bancos eram móveis, podendo o passageiro escolher o lado que ele queria estar de frente só posicionando o encosto do banco.


Então o trem partia, era um chacoalhar de cá para lá sem fim. Era preciso segurar com força para não cair.


O chacoalhar do trem seguia o seu barulho, era um "Chão, chão, chão" sem fim. E lá ia o trem: CHÃO...CHÃO...CHÃO...CHÃO...CHÃO...CHÃO...chão...chão...chão...chão... até o fim da viagem.


De vez em quando vinha um homem de farda com o seu alicatinho picar o bilhete de todos os passageiros. No fim da viagem, depois dos passageiros terem descido do trem, os bilhetes eram entregues a outro homem de farda, agora todos cheios de buraquinhos. Chau...! Boa viagem...! CHÃO...CHÃO...CHÃO...CHÃO... chão...chão...chão...chão...chão... ADEUS...! Maria Fumaça... Quanta Saudade...!



Cobertor de Retalhos




(Colagem : trechos de Sagarana de Guimarães Rosa) aula do Willer, 2004.



Miúdo e resignado, vindo de passa-tempo. Conceição do Serro, ou não sei onde no sertão, e já fora tão bom, como outro não existiu e nem pode haver igual.



Agora porém estava idoso, muito idoso.



Na mocidade, muitas coisas lhe haviam acontecido.Mas nada disso vale fala, porque a estória, como a história de um homem grande, parecia ainda mais velho, velho e sábio:



Mudo e mouco vai, no seu passo de introvertido, de quadrante, para estrada, pela ponte, por onde sabem ir, sem conversas, sem perguntas, no seu lugar, devagar, por todos os séculos e seculórios, mansamente amém.



Nessa tarde, não pagou cerveja para os companheiros, nem foi jantar com o seu Waldemar. Foi sim para casa, muito cedo, para a mulher, que recebeu, entre espantada e feliz, aquele saimento de carinhos e requintes. Porque ela o bem queria muito. Tanto, que, quando ele adormeceu, com seu jeito de dormir profundo, parecendo muito um morto, ela ainda ficou muito tempo curvada sobre as formas tranqüilas e o rosto de garoto cansado, envolvendo-o num olhar de restante ternura.



Quando acordou, horas depois, foi a susto com uma matinada montante....



Se ele, tivesse tido coragem... Se tivesse sido mais esperto... Talvez ela gostasse...poderia ter querido fugir com ele... Agora haveria de se lembrar, achando que era um pamonha, um homem sem decisão... E no entanto, viera para a fazenda só por causa dela...



A erva-mãe boa derramava cachos floridos, no meio das folhas em corações. Muitas flores. Azuis... Foi num vestido azul que ele a viu pela segunda vez, no terço de São Sebastião... Tantos anos!......



Mas quando viu, acompanhando o terço, já gostava dela, já lhe tinha amor... Desde manhã... na porta da casa, saindo para a missa, ela com a mãe e as irmãs... Talvez que ela não fosse a moça mais bonita do arraial... E não era mesmo.Mas o amor é assim...



Estremecem, amarélas, as flores da aroeira. Há um frêmito nos caules rosados da erva-sapo.



A erva-de-anum crispa as folhas, longas,como folhas de mangueira. Trepidam sacudindo as suas estrelinhas alaranjadas, os ramos da vassourinha. Tirinta a mamona, de folhas peludas, como o corselete de um cassununga, brilhando em verde-azul. A pitangueira se abala, do jarrete à grimpa. E o açoita cavalos derruba frutinhas fendilhadas, entrando em convulsões.



E pois, no outro dia, voltou para casa, foi gentilíssimo com a mulher, porque estava com saudades da mulher – aquela mesma que tinha belos olhos grandes, de cabra tonta.



Havia uma cachoeira no rego, com a bica de bambu para o tubo de borracha. Experimentei regar: uma delícia! Com um dedo, interceptava o jacto, que davam um ruido gostoso de borrifo.



Ela, ao meu lado, pôs-me a mão no braço. Do cabelo preto, ondulado, soltou-se uma madeixa, que lhe rolou para o rosto.Eu apertava com força o tubo da mangueira, e o jorro, numa trajetória triunfal e libertada, com uma umidade de melar por dentro as roupas da gente.



Maria Aparecida Laurentino
Meus blogs:
http://umbigodepedra.zip.net/ (deixar comentário aqui)
http://umbigodepedra.wordpress.com/

Beth Brait Alvim

Bacharel em Língua e Literatura Portuguesa e Brasileira; Língua e Literatura Francesa; Língua e Literatura Latina pela FFLCH-USP. Licenciatura Plena em Língua e Literatura Portuguesa, Brasileira e Francesa, pela Faculdade de Educação da USP, pós-graduada em Ação Cultural - Artes, Política e Economia; Políticas Culturais, Prática Cultural e Centros de Cultura, pela ECA- USP. Foi conselheira de literatura e diretora cultural da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, em São José dos Campos, assessora de literatura do Departamento de Cultura de Diadema, fundadora do Grupo Palavreiros e membro do Coletivo de Cultura do ABC e da Cátedra Celso Daniel de Gestão de Cidades. É membro titular do Conselho Municipal de Cultura de Santo André. Recebeu diversos prêmios e menções, entre eles o Prêmio Alice Leonardos, da Academia Brasileira de Letras, pela idealização da Antologia de Dramaturgia Vladimir Maiakovski, da Fundação Cultural Cassiano Ricardo (1996). É autora de diversos livros de poesia e contos, entre eles Ciranda dos tempos – espaços do desejo (2a edição/Escrituras Editora) e Visões do medo (Escrituras Editora) projeto beneficiado pela Lei de Incentivos Fiscais à Cultura de São José dos Campos, incentivado pela Kodak do Brasil e com apresentação de Teixeira Coelho. Em 2003, recebeu a bolsa de especialização profissional Politiques de la Culture et leur Administration, do Programme Courants du Monde, promovido pela Aliança Francesa e pelo Ministério das Relações Internacionais da França.

Flor da idade

beliscar deus
devia ser o mais recôndito sonho

daquele que morre

não o que morre rebuscado

mas o que morre de susto

morre de vez

borrifando o mofo de ser deus

com círios

de húmus solares

ele

por certo assim se mostraria

em sua mais simples

forma

de

ser inteiro

meio

e

talvez

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La Chute

o tempo enorme

siamês do vácuo

é lado da moeda eclipsada

e o outro vômito de lodo

nos couloirs da cidade
fogos sem artifício

e um ombro direito resvala

um impressionista qualquer

risonho esbraveja seu nome e arde

anjo notívago e mocho

se embriaga nos ombros


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para brecht e che

che

não esqueçamos machu picchu

vale a pena

o salto

bertolt

escalemos florestas negras

bebamos da pororoca

brancaleone das cordilheiras

dancemos na neve mais dura nos picos mais altos

de uma terra à vista inventada

na barca de neruda

e oremos aos pés de rilke

nos telhados de templos incas

masquemos mil folhas de coca

e com flores de rum e cerveja nos cabelos

e o ar desengoçado de quixotes

cantemos

sobre a guerra

os medos

sem dizer que nossos

sonhos e segredos

são meros milagres

contra a morte

Conceição Bastos

Frequentadora da Casa e participante da Ell . Tem texto publicado na Antologia Estas histórias, das oficinas de criação literária do Museu Lasar Segall.





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Mar de Tambaú
escrevinhações tidas e acontecidas na oficina de Luiz Ruffato - julho/2008

A carta, nas mãos trêmulas da moça; o mar de Tambaú, estampado no selo. A mãe, da porta da cozinha, viu a filha atender o carteiro e aguardou. O carteiro se foi, a porta foi fechada e a silhueta da filha cambaleou até a poltrona mais próxima. A mãe pressentiu afogamentos, e na ânsia de lançar âncora se precipitou em sua direção. A filha, que permanecia sentada com a carta na mão, tinha o rosto pálido e olhava para o mar de Tambaú sem se decidir a entrar naquelas águas.
Nos idos de 1982, numa viagem de férias a João Pessoa, ela o encontrara pela primeira vez, diante daquele mar. Alguns encontros e muitas cartas depois, aquele mar estava ali: pequenino no alto do envelope e enorme na sua lembrança. O sorriso dele, de chapelão e óculos sob o guarda-sol azul, pés descalços na areia molhada. Ela olhava o selo, e adiava, pressentia afogamentos.
A correspondência havia diminuído nos últimos meses, assim como os telefonemas. Mas em todas as cartas ele confirmava, sempre em letras destacadas ao fim de cada uma delas: “do sempre seu”, de modo que para ela as dúvidas e temores eram apenas sombras que se insinuavam ao cair da noite, posto que a moça queria continuar a sonhar; nos longes de uma cidadezinha da Bahia, à hora da ave-maria, ela sonhava sem saber que sonhava, com um amor para toda a vida .
Lá fora, o burburinho de uma feira livre; um raio de sol entrando pela janela e se projetando no chão da sala. Ela continuava olhando o selo, e ao perceber que a mãe se aproximava fez um gesto para que a deixasse sozinha; então rasgou um dos lados do envelope e foi abrindo devagar as duas folhas de papel dobrado, escritas com caneta preta; passou os olhos pela primeira folha, sem enxergar; na segunda folha foi direto ao final do texto. Fechou os olhos. Um frio atravessou os dedos dos pés. O que antes era suspeita se confirmava: a frase salvadora não estava lá; não havia mais “do sempre seu”.


Gemidos e Distâncias

1

Eu aceito o desamparo
estampado na tela
desta noite clara

Eu sorvo o seu corpo
amassando ossos
arrancando dedos
Bebo gemidos
Eu cravo os dentes
para que o seu grito
não me machuque

2

Mudei de cidade
no último encontro
Andei por outras ruas
e,
esqueci de avisar,
Rondei terrenos baldios

Eu aceitei o deserto.



Conceição Bastos
Nasceu em Santo André - SP, em 24 de julho de 1962, mora a partir de seu segundo dia de nascimento em Mauá – SP.
Publicou: “De Lembranças & Fórmulas Mágicas” Edições Tigre Azul/ FAC Mauá -2007; ”O Mapa do Abismo e Outros Poemas” Edições Tigre Azul/ FAC Mauá -2006, “Poemas do Século Passado-1982-2000” edição de autor - Mauá - 2002; “Cortinas”, com poesias suas e de Cecília A. Bedeschi - Mauá - 1981; participou das antologias poéticas “As Cidades Cantam o Tamanduateí que Passa”, da Prefeitura do Município de Mauá – Mauá - 2003 e “Poesia Só Poesia” Editora Novas Letras – São Paulo - 2004. Junto com os amigos escritores da extinta Oficina Aberta da Palavra, grupo de Mauá-SP, edita o fanzine aperiódico "Taba de Corumbê". 1º lugar do Prêmio Off-Flip de Literatura – 2006 – categoria Poesia. Menção Honrosa - 24o Concurso Literário Yoshio Takemoto
Participa do grupo poético/literário Taba de Corumbê, do qual por aclamação foi intitulado Cacique e das aulas da Escola Livre de Literatura de Santo André-SP, como aprendiz de mundo.


ventos alísios


1 –
algo no poema
está entre construir catedrais de ar

e descobrir a quadradura do círculo



o poeta contemporâneo

está para reinventar a busca medieval

por um moto contínuo

ou renovar a linguagem usando apenas termos arcaicos





2 –
a corrida a favor de ventos alísios

fatalmente termina em tomar chuva pelas costas

assim como os barcos que partirão junto com as monções



ocaso da tarde



o instrumento de percussão do grilo

preenche com sua música

todo o espaço de um quarto

ao término do dia



a escuridão que vem com o ocaso da tarde

pede aparelho mais preciso

e outro tipo de melodia

_________________________________
Edson Bueno de Camargo

Rua José Cezário Mendes, 104 Vila Noêmia – Mauá – SP – Brasil.CEP – 09370-600
correio eletrônico: camargoeb@ig.com.br

Vanessa Molnar

Frequentadora da Casa e colaboradora da Ell .


Textos:

SOBRE LITERATURA E ESCRITORES

Descobri recentemente que não é difícil escrever crítica literária na internet acima da média como pensam alguns escritores, basta ficar fora da roda das subvenções e ter coragem de falar o que pensa sem se importar com as conseqüências. Isso não é tão difícil já que as subvenções e prêmios são sempre para os mesmos ou, com raras exceções, para gente muito ruim, mas que dá ao mercado exatamente o que ele quer: produtos. Daí que ganhar uma medalha de má conduta e boa escrita não é algo tão complicado assim. O problema é que esse povo não tem coragem de defender suas opiniões abertamente e todos os encontros literários parecem a crônica de uma tara gentil (título do meu livro se eu conseguir a maldita subvenção). Pergunto-me se estar fora da roda desse jeito e se tornar persona non grata não é uma fórmula inversa e muito mais divertida de ingressar no jogo.

Sem dúvida escritores falam muita besteira, o famoso e mal afamado MM reclama das subvenções governamentais, mas afirma que não deixa de participar delas, apesar de saber que nunca será contemplado, pois mete o pau em Deus e no Mundo e para os desavisados isso faz parte do show dele, se diverte porque sabe que escreve bons livros e sabe que é isso o que importa ou deveria importar. No entanto não abandona de vez a cena da fofoca literária, provavelmente porque precisa pagar suas contas, não é tão ruim se considerarmos que é uma das poucas vozes discordantes na atual cena do que é chamado literatura contemporânea.

Já vi escritores falando que literatura não serve para nada, isso deve justificar a razão pela qual eles não fazem nada, já que o que fazem não é literatura é algo que nem mesmo eles sabem o que é e o pior é que literatura não serve pra nada mesmo, o problema da humanização e da educação está fora de moda e eles tentam se inserir no mercado do entretenimento, mas acabam presos dentro do pequeno círculo das vaidades humanas, categorizo: Escritores que escrevem para amigos escritores.

Quanto às subvenções deveriam ser porta de entrada para autores realmente talentosos e jovens e não forma de sustento para escribas profissionais. Já vi escritor falando que a internet incentiva os jovens a ler e escrever, quem pensa isso não convive com centenas de adolescentes bestializados pelo MSN e pelos Orkuts da vida, é uma linguagem pobre e desarticulada que se reflete diretamente na forma deles se comunicarem e pensarem, se não acreditam, experimentem conversar com um, o mundo está cheio deles, vá dar aula no estado e confira.

Já vi escritores falando que o romance é a obra prima da literatura, “que não tem jeito, grande escritor faz romance” (palavras da dita cuja que hoje faz ponta no Entrelinhas) e concluí que a besta nunca leu Borges ou Tchecov e por isso não podia ser levada a sério.

Já vi escritores falando que não acreditam em oficina literária a partir do momento em que raras pessoas têm talento e elas só servem pra formar grupinhos medíocres de auto-ajuda através do elogio gratuito. Embora concorde com a existência desses grupinhos, compreendo que o objetivo de uma boa oficina não é formar escritores, mas leitores (espécie em extinção) e mostrar que a literatura é trabalho, ou seja – não basta rabiscar versos nos guardanapos do boteco para ser poeta!

A conclusão óbvia? Leia os livros é neles que está a resposta.

CONTO DO DRAGÃO

Era assim, um amor colecionado entre ruínas e cheiros de castelos, cafés requentados ou casacos costurados pelo tempo de um frio que não existe mais, amarrado por fitas rasgadas de presentes não dados que destruíram momentos perfeitos. No bar ele gesticulava e alternava copos que se perderam com cigarros cerrados e olhares tímidos para os corpos que sumiam nas portas dos banheiros.

Nenhuma aberração se escondia sob a roupa puída, a barba mal feita ou as unhas sujas, nenhuma palavra escapava pelos buracos dos dentes, das roupas ou dos cabelos comidos pelo tempo. Ele caminhava refugiado, soldado esquecido na fila da sopa. Ela veio num dia frio, com seus únicos pertences: uma blusa azul Royal encardida, fotos amareladas de uma suposta família e um sorriso que iluminava a coluna torta e se ajeitou no silêncio do cobertor compartilhado.

Durante meses não trocaram palavra e ele lhe trazia pedaços de pão, bitucas de cigarro, restos de comida e revistas que conseguia perambulando pela cidade. Ela era uma planta, uma rosa, um vaso e ele seguia sem preocupações. Amarrou fitas no seu cabelo, arrumou-lhe sapatos, mas ela continuou sentada no círculo que tinha escolhido como mundo e seu corpo ganhou vida e gerou outra rosa. Vieram os vizinhos, as visitas e os presentes, os para - médicos e os curiosos. Arrumaram-lhe uma manjedoura, um manto, uma mala e uma passagem de ônibus para a Bahia, mas ela continuava ali, imóvel e nem parecia amar a filha. E ele lhe trazia chupetas usadas, trapos que já foram fraldas e penteava seus cabelos, cada dia mais longos.

Vieram os jornalistas, a assistência social e a polícia e ela indiferente, mesmo quando a colocaram no camburão, ela não sorriu, nem disse adeus e ele seguiu com sua coleção de ruínas, fitas, chupetas, silêncios e cheiros, dragão solitário sob o viaduto vazio.

PEQUENA EPOPÉIA TUPINIQUIM

Quando abri o e-mail e li a proposta do exercício da aula que perdi, não pude deixar de rir, Cage III, (Jaula) - Definir o selvagem - Dissertar sobre ele. Desobedecendo as regras (que foram feitas pra isso) corri pro dicionário: Selvagem: Que vive na Selva, óbvio demais, lugar deserto, ser inculto, não civilizado, etc. O problema é que eles (os organizadores de dicionários) não sabem que viver na floresta, hoje, não tem a mínima importância, a não ser que você queira fazer mais um daqueles filmes exóticos sobre nossa já extinta “fauna” indígena, tipo “Quarup”. Mas pense bem, porque não é mais coincidência que nossas cabeças e corpos tenham o mesmo formato, assim como as Havaianas (ultima moda na Europa) e as necessidades de consumo: comprar bicicletas, motocas, TV a cabo, ver novela, ser igual a milhares e milhares de brasileiros, todos guiados por uma gigantesca antena parabólica, não importa se no confim da Amazônia e das queimadas, num apartamento do CDHU na zona leste ou numa “Kit” alugada no centro de São Paulo, Tóquio, Berlim.......desde que você tenha Credicard, entre numa loja de conveniência, sorria ao ser filmado e aceite de bom grado a sapiência dos nossos dirigentes, esses sim, civilizados.

Mas se o bom selvagem deixou de existir com ou sem a conivência do nosso velho Rousseau, isso deve ter ocorrido há muito tempo e com certeza não foi por culpa dele. É difícil definir a data exata depois de tantos séculos. Podemos imaginar um selvagem legítimo trocando umas toras de Pau Brasil, que afinal não serviam para nada, por uma série de espelhos, pentes e outras bugigangas, que também não serviam para nada e isso é tudo. O que os gentios não sabiam é que depois das toras, eles, (os civilizados) iam querer o ouro, a terra e o sangue deles. Dizem os relatos de cronistas que no início os índios não se preocuparam com a ocupação do litoral pelos homens brancos, afinal o que é um pedaço de terra nesse paraíso imenso chamado Brasil?

Depois que a terra prometida, não se sabe direito por quem, foi ocupada e os pobres selvagens devidamente civilizados através de genocídios legítimos, mas sem ritual antropofágico, o conceito de selvagem pôde ser aplicado a qualquer um que represente uma ameaça ao estado vigente das coisas. Durante muito tempo foram considerados selvagens os jovens de classe média que não cortavam os cabelos, insistiam em não tomar banho, fumavam um baseado, tomavam LSD, não queriam trabalhar, protestavam contra guerras distantes, defendiam a liberdade sexual e a igualdade de gêneros e passavam o dia curtindo o som agudo das recém inventadas guitarras elétricas. A esse pequeno grupo de selvagens juntou-se um outro, de viés mais político que comportamental, que curtia uma coisa chamada MPB, era contra o regime instituído no país, também curtia um baseado e defendia coisas absurdas como guerrilha urbana e um tal de comunismo, que ninguém sabia direito o que era, ou melhor, o que seria.

Apesar das dificuldades, esse grupo de selvagens foi sendo diluído através de uma coisa chamada mercado, mas há quem acredite que a pá de cal foi mesmo a queda do muro de Berlim, o fim do comunismo na União Soviética e as denúncias do abuso de poder do regime stalinista. A maioria dos selvagens, absolutamente abalada, optou pelos prazeres imediatos da indústria de consumo, alguns publicaram livros, outros lançaram discos e quando alguns subiram ao poder, as coisas foram apaziguadas. O LSD foi substituído por outras drogas, que geraram o tráfico, uma corporação para-governamental milionária que lucra horrores empregando alguns jovens da periferia e mantendo outros (de classe média) aparentemente felizes.

Por outro lado, a AIDS veio unir forças com o conservadorismo cristão e a tão clamada “liberdade sexual” voltou para os braços da família e da igreja. Mas a “guerra – justa” aos selvagens permanece implacável através de algumas medidas necessárias: O desmonte total do sistema educacional e cultural brasileiro, o descaso com a saúde, os acordos com o FMI e a destruição do meio ambiente. Enquanto isso, quem estiver infeliz pode fazer um crediário nas Casas Bahia e comprar uma TV de plasma para acompanhar de perto a próxima Copa do Mundo. Tupy, or no tupy, that is the question

terça-feira

Núcleo Oralidades Poéticas

Casa da Palavra, 2005. Cadeiras formando uma roda. Pessoas sentam, lêem e discutem um texto. Alguns possuem a cabeça alva, e o semblante carregado de memórias. Outras, cabelos desalinhados, pés inquietos, a expressão tensa. Pessoas de 15 a 70 anos, universos sedentos, trajetórias vivas.
É para discutir o texto? Também. É pra “virar” escritor? Trabalho maior é tornar-se o que se é. E quando não consigo expressar o que penso/sinto?

Tudo que agita o corpo é palavra adormecida.

Propostas? Muitas. Como gerir um coletivo? Não há receitas. O caminho é o da prática. Diálogo nem sempre é troca. Mas será que não podemos nos permitir um espaço diferente das leis do mundo lá fora? Criado por “nossas” leis? Quem se senta nesta roda, pressente imediatamente que não discutiremos somente literatura. A única obra interminada aqui é você mesmo. Os autores quase como pretexto, mas como ajudam a cavar! De 2005 a 2008, vários parceiros: Nietszche, Hesse, Canetti, Lispector, Leminski, Rilke, Baudelaire, Wally, Bachelard, Ana Cristina, Adélia.

É verdade que nem sempre se encontra a luz. Às vezes, mais escuridão é tudo de que se precisa para ver a si. Aos poucos, um coletivo com rosto plural se desenha. Provocamo-nos. E então não era mais possível só ficarmos sentados. A busca por uma expressão da própria oralidade, uma urgência do ser, torna-se uma necessidade.
Daí surgiu o EL Sarau. Tentativa de propiciar a “saída da toca” para alguns, momento de êxtase para outros. Contemplação e encantamento para os que gostam de assistir.

Próximo EL Sarau: “A Poética da intimidade”, dia 05/07 - sábado, às 19:30hs, inspirado nos estudos de Gaston Bachelard, Máximo Gorki e Wally Salomão.


por Mônica Rodrigues