Casa da Palavra



A Casa da Palavra é um espaço dedicado à cultural literária. O seu trabalho é voltado aos amantes da literatura, filosofia, artistas e estudantes.

Ela abriga em seu espaço a Escola Livre de Literatura, que se destina exclusivamente à difusão da Literatura, e à formação de novos leitores e escritores.

Este espaço é um equipamento da Secretaria de Cultura de Santo André.

Local: Praça do Carmo, 171, Centro – Santo André, SP.
Contato: 4992-7218


sexta-feira


Lacan e a palavra: manejos, inovações e transgressões

Do Projeto A palavra e o psicanalista: uma invenção freudiana
Palestrante: Leandro Alves Rodrigues dos Santos
Dia 4 de novembro, das 20h às 22h
Local: Casa da Palavra – Praça do Carmo, 171, Centro – Santo André, SP
Jacques Lacan, psicanalista francês, pensador ousado e revolucionário, inventou manejos surpreendentes nas sessões, interrompendo-as em momentos inesperados, ressaltando o valor simbólico do dinheiro que subjaz a definição dos honorários e, principalmente, sobre o peso da palavra no dizer de seus analisandos. Não havia brincadeira, cinico “não quis dizer bem isso”, ironia ou desimplicação de fala vazia que Lacan deixava passar, ao contrário, sua escuta atenta impulsionava o analisando a se responsabilizar por sua palavra, deslocando o lugar de saber originário da relação médico-paciente. Essa conferência tem por objetivo apresentar esse personagem histórico da Psicanálise, alguns de seus manejos, certas inovações técnicas e, principalmente, das transgressões que promoveu em relação ao modelo tradicional da interpretação mais convencional, do uso previsível do tempo e do dinheiro, bem como dos abalos semânticos que promovia na escuta da palavra, como é possível perceber nesse depoimento de Philippe Julien, extraído de Trabalhando com Lacan (Zahar, 2009, p. 52):
"O importante para que a análise avance é que o analista homologue, registre certa palavra dita pelo analisando. De que maneira? Pela pontuação, ou seja, pela retomada de determinada palavra, de determinada frase que tem efeito de sentido; mas é uma retomada que marca o fim de uma sessão: efeito de furo, vazio criador. O ponto final, ao pontuar, abre para a próxima sessão, preparar uma nova etapa, condiciona uma marcha para adiante: um novo sonho, uma passagem ao ato, um avanço na direção do desejo. Logo, graças à pontuação que põe um ponto final numa sessão, surge a condição de uma nova produção na próxima sessão, Por isso é que o problema que a prática de Lacan coloca é o da escolha que ele fazia de uma pontuação e não de outra. Por que essa escolha? A questão é essa. Ora era uma escolha rápida – e, portanto, ima sessão curta – ora uma escolha que vinha lentamente – e, portanto, uma sessão longa. Isso dependia da fala do analisando. Por esse motivo é que não havia para Lacan a priori sessão curtas, como houve quem dissesse: “Ele só faz sessões curta, tem pressa. Trabalha a toda velocidade” Não, de jeito nenhum, tudo dependia da fala do analisando. Na obra chamada Quartier Lacan, feita de entrevistas com antigos analisandos de Lacan, encontramos o testemunho de Jean Clavreul que, um dia, adoeceu e foi internado enquanto estava em análise com Lacan; Lacan deslocou-se umas 20 vezes para fazer sessões com ele. Em outras palavras, dedicava-lhe tempo. As sessões eram, portanto, de duração variável."








Nenhum comentário: